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Writer's pictureGabriel Toueg

De dez anos atrás, um texto sobre os dias de hoje — e daqui a dez mais?

Quase dez anos atrás publiquei aqui trecho inicial de um texto de André Caramuru na Trip. Dez anos se passaram. Boa parte das previsões do autor naquele texto, que estaria amarelado se impresso em papel, hoje se confirma. Boa parte da parte ruim, devemos lamentavelmente reconhecer. Os políticos seguem pensando em minutos enquanto os loucos pensamos em eternidades — mas confesso que tenho preferido pensar no almoço do dia seguinte para não lamentar tanto os dias que vivemos. Eis o texto, se você quiser ler (obrigado, Trip, por manter o link!)

Os políticos estarão, como sempre, pensando em minutos. E os escritores (e outros loucos) estarão pensando em eternidades.

Mas e aí? Dez anos atrás o Caramuru achava que dali a dez anos “estaremos vivendo como nossos pais, carecas, barrigudos e conservadores, achando bom que radares e câmeras nas ruas controlem todos os nossos atos e nossa documentação pessoal”. E daqui a dez anos? Hoje não há canto sem câmeras, parece que não há nada que não acabe sendo gravado por um ou outro ou alguns ângulos, a não ser quem matou ou mandou matar Marielle. Saberemos daqui a 10 anos quem foi?

Será que teremos milicianos no controle do país que dez anos atrás era o país do futuro e virou o país que gosta de flertar mas não decide se quer se casar com o passado? Ou será que seremos controlados só por olhos eletrônicos que tudo vêem? Não sei você, mas eu fico com a segunda opção sem muita dúvida… Fique aí com outras previsões do Caramuru. Quem é que arrisca dizer onde estaremos daqui a uma década, no fim de 2029? Feliz 2020!

Lula será nosso presidente, depois de oito anos de Dilma, e o bolsa família estará distribuindo também as versões de então de iPods e eReaders, porque cultura também é cesta básica. Nossas praias talvez tenham diminuído de tamanho e também estarão meio que contaminadas com esgoto e petróleo que vazará do pré-sal, mas piscinas espetaculares compensarão a perda. A Amazônia estará passando por um crescente e irreversível processo de savanização, o que facilitará nossa vida porque tornará inócua a discussão sobre sua preservação, e os índios tucanos do alto rio Negro estarão pilotando grandes tratores, guiados por GPS, nas infinitas planuras plantadas com soja que alimentarão bilhões de chineses e seus animais.
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