Esta semana é um pouco atípica porque estive “internado” durante dois dias em um curso, sem acesso à internet (à excessão das espiadinhas pelo celular nos intervalos). Voltei com uma fila imensa de emails e precisei priorizar outras coisas até chegar a hoje. Mas vamos lá: os meus destaques de leituras desta semana. Se você gostou, compartilhe. Se tem uma sugestão para a semana que vem, pode me mandar (basta me marcar no Twitter).
Cartaz da chapa Dilma-Temer (foto: Reprodução Facebook/Pedro Doria)
Para começar, uma análise de Pedro Doria sobre a situação atual no Brasil, que muitos gostam de chamar de “golpe” – mas que é preciso entender bem pra não repetir bobagens como papagaio. O texto dele, publicado no Facebook, ajuda a entender: “Quem encarou o rosto de Dilma na urna eletrônica antes de apertar o botão Confirma pode ter escolhido acreditar que a imagem de Michel Temer, ali ao lado, não queria dizer nada. Mas dizia muito, garantiu a vitória e definiu os próximos anos de todos nós, brasileiros”.
Obama desce do Air Force One na China (foto: Damir Sagolj/Reuters)
A segunda sugestão desta semana sai da política brasileira e conversa sobre protocolo diplomático. O contexto é a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, à China. O Nexo Jornal discute se um tapete vermelho é apenas um tapete vermelho ou se pode indicar uma rusga entre Estados. O que eu gosto desse texto é que o fato em si (Obama desembarcar pela porta “traseira” do Air Force One!) tem menos importância do que o contexto – e o Nexo é bom em explicar esse contexto. O jornalismo que o Nexo tem feito merece ser observado com atenção.
Do mesmo Nexo, aliás, vem a sugestão de um texto no Guardian sobre outro incidente em que Obama se envolveu – aquele em que foi chamado, pelo presidente filipino, Rodrigo Duterte, de “filho da puta”, logo antes de um encontro entre os dois, que acabou cancelado. O texto do jornal britânico não é uma pérola do jornalismo, mas ajuda a entender o que ocorreu e o que levou Duterte, em meio a uma guerra às drogas com meios que, para alguns, não justificam os fins (embora para outros justifiquem!), a ofender o colega estadunidense.
Às vésperas do 15º aniversário dos atentados do 11 de Setembro, uma história inusitada apareceu. É a história da bandeira que foi fotografada hasteada em meio aos escombros das Torres Gêmeas no mesmo dia do ataque e que depois desapareceu. O texto de George Gene Gustines no New York Times reproduzido em português pela Folha de S.Paulo conta como a bandeira foi recuperada em Washington para ser exibida no museu do 9/11 mas explica que o mistério não foi totalmente resolvido. A história será contada em um programa no History Channel no domingo, 11 de setembro.
O candidato republicano à Casa Branca Donald Trump (foto: Slate)
A quinta sugestão é uma feature do colega Diogo Bercito, na mesma Folha, sobre um estudo que compara a leitura de “Harry Potter” com a propensão de votar no republicano Donald Trump. Segundo o estudo da Universidade da Pensilvânia, “quanto mais livros da franquia eram lidos, pior era a imagem do candidato”. A explicação está nos valores expostos nos livros do bruxinho, opostos aos defendidos pelo magnata – tanto sobre mexicanos e muçulmanos como sobre mulheres, asiáticos e deficientes físicos. Bercito lembra, no texto, que a autora da saga, J. K. Rowling, chamou Trump de “ofensivo e intolerante”.
Finalmente, se você ainda tiver fôlego, dois materiais especiais da Folha feitos notadamente com afinco e profundidade, ambos com extenso trabalho de pesquisa e investigação. Um deles é “Muito citada, pouco conhecida”, sobre os 50 anos da revolução cultural chinesa, “o movimento que espalhou medo pela China e ainda marca a história do país”, com reportagem de Johanna Nublat, Guilherme Magalhães e Daniel Buarque e edição e revisão de Luciana Coelho e Juliano Machado. O outro, mais antigo, é “A dor do estupro”, que escancara a via-crúcis e a falta de estrutura que vítimas de estupros enfrentam no Brasil. A reportagem é de uma equipe grande.
Fico por aqui. Bom fim de semana e boas leituras – acima de tudo, boas reflexões!
Foto de capa: Peter Morgan/Reuters
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