Quem gosta de mapas (eu gosto tanto que a cortina da minha banheira é um mapa-múndi, presente da minha esposa!) sabe que as representações do planeta Terra nos mapas que conhecemos são imprecisas. A razão disso é a distorção que ocorre quando um objeto redondo é representado em um plano retangular.
A Groenlândia (em azul) é 14 vezes menor que a África (True Size)
Nos mapas do mundo que vemos ao longo de toda a vida em salas de aula, nos livros de geografia e até no Google Maps, essas distorções se traduzem em tamanhos desproporcionais de países e continentes. Um exemplo claro é a Groenlândia, que parece, nesses mapas, do tamanho da África, quando na realidade o continente é 14 vezes maior que a ilha gelada dinamarquesa.
O True Size ajuda a entender essa distorção. O site permite que você escolha um país e o “arraste” ao redor do mundo. Normalmente o que ocorre é que quanto mais próximo dos pólos, maiores parecem nesse tipo de representação. Por isso a Groenlândia parece tão grande – quase como toda a África – embora na realidade seja consideravelmente menor. Em números, para os céticos: a área da Groenlândia é de cerca de 2,2 milhões de km²; a da África, 30,4 milhões de km².
A África, aliás, é sempre um bom exemplo para essas comparações. Provavelmente você vai coçar a cabeça se alguém te disser que o continente é tão grande que poderia comportar todo o território de EUA, China (3º e 4º maiores países do mundo), Índia (7º), Japão, Reino Unido, Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça, Itália e o leste europeu, E pode.
Faça você mesmo um teste. Pegue qualquer objeto redondo – pode ser um globo, uma maçã ou a bolinha de espuma para aliviar o estresse. Coloque ao redor dele um papel, tentando amassar o menos possível. Se o papel tiver um desenho, melhor (se for o desenho do mapa-múndi, bem melhor!) Veja como os pólos (ou as áreas mais afastadas do “centro” do desenho) ficam mais amassados do que o centro. É exatamente o que acontece na projeção de Mercator.
Por tudo isso, representar o mundo de forma fiel em mapas planos não tem sido tarefa fácil. Mas um mapa desenhado pelo artista e arquiteto japonês Hajime Narukawa pode ser a resposta precisa. Tão preciso que o AuthaGraph World Map, como foi chamado, ganhou o principal prêmio de design do Japão, o Good Design Award. Como conta o Blue Bus, “o mapa concorreu com outros 43 mil trabalhos”:
Para os jurados do Good Design Award, a criação de Narukawa oferece “uma avançada perspectiva precisa do nosso planeta”, justamente por representar de forma fiel seus oceanos e continentes.
O que Narukawa fez foi dividir o mundo em 96 fatias triangulares idênticas. Depois, transferiu essas dimensões de uma esfera para um tetraedro, para só então gerar o mapa final, que parece bizarro. Acostumados com a representação ocidental do mundo, com a Europa ao centro, as Américas à esquerda e a Ásia à direita, ficamos um pouco confusos ao olhar o mapa desse jeito. Mas é a forma mais precisa de representar o globo em um plano.
O AuthaGraph é tão preciso que pode ser desdobrado e dobrado para representar o mundo em um globo 3D. Como em um origami. Naturalmente japonês. Se você gosta de mapas, como eu gosto, e gostou do AuthaGraph, pode comprar uma das versões disponíveis para decorar sua casa. Custam de R$ 50 a R$ 470.
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