O “furo do século” é a história sobre o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939. A jornalista Clare Hollingworth, então novata repórter do jornal britânico The Daily Telegraph, avistou tropas alemãs reunidas na fronteira polonesa ao viajar da Polônia para a Alemanha – aquela invasão é considerada o pontapé inicial do conflito. Ela tinha entre 26 e 29 anos – há informações desencontradas sobre sua idade na época.
Hoje Clare morreu em Hong Kong, aparentemente aos 105 anos.
“Mil tanques estão na fronteira polonesa. Há relatos de que existem dez divisões do Exército alemão prontas para iniciar o ataque. A máquina militar alemã está a postos para entrar em ação” — Clare Hollingworth no Telegraph de 29 de agosto de 1939
Como contou Alec Duarte no Webmanário, em 2009, por ocasião do 70º aniversário do “furo”, Clare “estava lá quase por acaso. Tinha sido contratada pelo jornal na véspera e viajou para a Polônia para preparar uma série de reportagens sobre refugiados do país. Acabou vendo o desenrolar da história diante de seus olhos”. O jornal contou a história também em um especial pelos 70 anos: “Ela estava em sua primeira missão pelo Telegraph e tinha apenas 26 quando viu tanques alemães invadindo a Polônia”.
Um trecho:
“Eu não estava assustada”, diz ela em seu modesto apartamento em Hong Kong onde agora vive, bem perto do Foreign Correspondents’ Club. Hoje a saúde de Hollingworth é frágil, sua visão e audição quase desapareceram, mas ela é testemunha única dos eventos de 1939. “Eu contei essa história quando era muito, muito jovem”, ela diz. “Fui até lá para cuidar dos refugiados, dos cegos, dos surdos e dos mudos. Enquanto estava lá, a guerra de repente começou”.
Neste vídeo do Telegraph, ela mesma reconta a história.
Outro “chapéu”
Antes de se tornar, por acaso, a autora do “furo” do século e de presenciar “a história se desenrolar diante de seus olhos”, Clare passou boa parte do ano anterior, 1938, ajudando refugiados a escapar da Checoslováquia, já ocupada pelos nazistas. Patrick Garrett, sobrinho e biógrafo da jornalista, conta que estima-se que o grupo que ela liderou salvou cerca de 3 mil pessoas.
O trabalho com os refugiados a ajudou de várias formas – conhecendo a região e os temas, o que a levou a ser contratada por Arthur Watson, então editor do Telegraph, e se relacionando com pessoas que a ajudariam adiante no que seria sua primeira missão com o jornal. Se você se interessou pela história dela, Garrett, o sobrinho, publicou o livro “Of Fortunes and War: Clare Hollingworth, first of the female war correspondents“.
Abaixo, algumas imagens da jornalista.
Leia alguns dos principais obituários de Clare Hollingworth e histórias sobre ela:
BBC News (Reino Unido): Clare Hollingworth: British war correspondent dies aged 105
El Mundo (Espanha): Muere Clare Hollingworth, la periodista que dio la primicia de la II Guerra Mundial
Financial Times (EUA): Clare Hollingworth, foreign correspondent, 1911-2017
Folha de S.Paulo (Brasil): Morre a jornalista Clare Hollingworth, que noticiou início da Segunda Guerra
The Guardian (Reino Unido): Celebrated war reporter Clare Hollingworth dies aged 105
The New York Times (EUA): Clare Hollingworth, Reporter Who Broke News of World War II, Dies at 105
Público (Portugal): Morreu Clare Hollingworth, a primeira jornalista a noticiar a II Guerra Mundial
Telegraph (Reino Unido): Clare Hollingworth dies aged 105
Time Magazine (EUA): The Correspondent Who Scooped the World
The Washington Post (EUA): Clare Hollingworth, reporter who broke news about start of WWII, dies at 105
Post atualizado às 14h59 para inclusão de informações
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