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Writer's pictureGabriel Toueg

Nanda Costa, uma mulher de peito

Que a atriz Nanda Costa é uma mulher de peito ninguém duvida e o silicone prova. Além do implante artificial, ela atuou em Salve Jorge como a mocinha Morena, traficada para servir sexualmente homens da Turquia que de turcos não tinham muita coisa – e o fez, ainda que de forma sem sal e não muito convincente, ao lado de estrelas consagradas e brilhantes da TV Globo.


Mas não me refiro a esse “peito” ou aos que ela mostrou entre cubanos “falando putaria”, nas palavras dela, no ensaio que fez para a Playboy, do qual tomei a liberdade de extrair a foto que bem ilustra este post – algo que só faço porque paguei os caros quase treze reais pela revista e pelo ensaio todo.

Refiro-me, sim, ao ensaio em Cuba. E ao detalhe que, pelo jeito, não passou despercebido para ninguém – os pelos, os muitos pelos da Nanda Costa (faço uma pausa para reclamar da reforma que tirou os acentos de “pêlos”).

Acho que a Nanda é uma mulher de peito porque fugiu do padrão das capas e dos pôsteres de revistas de mulher pelada – das melhores e das piores. É preciso muito peito para isso em uma geração em que só posam meias ou pseudo-celebridades, mulheres-frutas e ex-qualquer-atração-imbecil-da-televisão – todas peladas, e não me refiro à pouca roupa, mas aos poucos, se algum, pelo.

Ora, se somos assim, se nascemos assim – mulheres homens, para que tanta insistência na depilação que – triste ouvir isso na gringa – ganhou até o nome do país? Em Cuba, como a atriz disse, ninguém reclamou dos pelos dela — espertos são eles! E por que, alguém explica, a atenção sobre um ensaio como esses se perde para uma polêmica tão idiota?

1987. Tenho um pôster da mesma Playboy de quase trinta anos atrás. Eu era um quase adolescente quando a paquita Luciana Vendramini, “a primeira virgem” da revista, estampou capa, ensaio e o pôster que eu tinha na minha parede e guardo como relíquia. Em fotos lindíssimas, exibindo uma inocência particular, Luciana não esconde seus pelos — que em nada perdem para os da Nanda. Ok, era 1987, era a moda, uns chatos me dirão. Onde nos perdemos, então? — eu pergunto.

Bem disse a atriz de Salve Jorge, em entrevista ao UOL: “Aquela mulher é real (…) não uma diva inatingível”. Acho que é bem isso que nos falta: mulheres de verdade, com pelos, espinhas, varizes, celulites, falhas imperceptíveis para quem sabe reparar nas coisas certas e na graça de um sorriso contagiante, de um cruzar de pernas, de um olhar recheado de amor e de entrega. Não entendo como é que conseguimos nos apaixonar por mulheres de mentira, criadas por photoshops e por modelos impostos por uma sociedade hipócrita e gorda.

Mas… Bom, dizem as más línguas que, entre boatos de fechamento da Playboy (lembrando que a editora Abril descontinuou quatro títulos recentemente), os pelos da Nanda Costa seriam uma estratégia para vender a revista. Pode me chamar de inocente, mas não acredito nisso. Mesmo assim, que seja. Não muda nada o que eu penso sobre os pelos.

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