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Writer's pictureGabriel Toueg

Você, com saudade


Não falha: fecho os olhos, deito a cabeça, e você volta, nítida. Teu olhar tímido, teu cheiro agridoce de quando fazíamos amor, tua risada. Teu sorriso e aquela covinha que me derretia.  Tua voz dizendo “eu te amo”. Sinto tanta falta disso tudo. Como li hoje, a “saudade é uma felicidade retardada“.

Inverno. Lembro tanto e tão bem de cada detalhe daquele inverno. Uma estrada longa. Muito sono. E aquele nosso amor intenso, entregue, apressado, barulhento, insuficiente. Cheio de quero mais. Quero mais! Muito mais! Lembra? A noção de tempo não existia para nós, lá atrás. O que o tempo fez de nós?

Rabisco qualquer coisa no meu caderno. Tento transformar as memórias em palavra, quiçá em desenho. Não consigo. Elas ficarão para sempre como memórias. Doces, distantes, presentes, por vezes amargas. A saudade machuca. “Só não mata porque tem o prazer da tortura“, li, do mesmo autor. Sabe das coisas.

Autor nosso, Vinicius diria: Fez-se de triste o que se fez amante, e de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante, fez-se da vida uma aventura errante. De repente, não mais que de repente. De repente, e há tanto tempo, já. Diz: o que o tempo – cruel, insano – o que o tempo fez da gente?

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